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E Assim Termina:

terça-feira, 29 de novembro de 2011.
- O que é que você tem Roberto? – Gritei, enquanto o menino acordava assustado.
- Gabriel, fale mais baixo, você vai acabar acordando todo mundo – dizia ele enquanto esfregava seus olhos para se acostumar com a iluminação da lâmpada que acabara de ser acesa.

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- Agora é assim? Ninguém pode ouvir nada, ninguém pode saber de nada? A gente tem mesmo que ficar escondido do mundo? Eu devo fazer isso por você? Pelos seus motivos? Só porque você tem um medinho bobo eu devo mudar tudo o que eu sou pra fazer as tuas vontades? – dessa vez controlei minha voz, pois até mesmo entorpecido como estava percebi que acordar todo mundo não seria mesmo uma boa idéia.
Roberto me olhou e fez silêncio, mostrando que não sabia o que responder. Por um minuto senti a tristeza que ele demonstrava e a ficha caiu. Ele não estava pronto para assumir aquilo que eu queria. Roberto era apenas um garoto.
- Quer saber? Você não precisa me dizer nada. Mas ficar aqui com você depois de tudo o que aconteceu não cabe a mim. Se você não pode ao menos confiar em alguém para assumir nosso namoro, se você acha que sua vida vai virar um inferno se o teu pai ou teu irmão souber tudo bem. Se esconda! Mas se esconda sozinho – virei as costas, disposto a sair do quarto.
O cowboy se levantou da cama e segurou meus braços com suas duas mãos, antes que eu conseguisse me virar completamente e abrir a porta. Não imaginava como ele pudesse estar reagindo, mas eu sentia dor, ele me apertava com força. Aquele momento poderia se transformar numa briga, pensei, mas a alucinação se desfez quando olhei aqueles olhinhos lacrimejados, não sei se por culpa do sono ou da emoção. Tive vontade de beijá-lo mas, ao mesmo tempo queria voltar para casa de Fulano e forçar uma overdose. Eu estava mesmo arrasado.
- Por favor, fique aqui comigo – Roberto pediu, com a mesma voz meiga que uma criança convence a mãe a comprar um sorvete. E soltou meu braço, e esperou.
Pressionei minha mão direita em seu peito e o empurrei levemente, alguns passos para trás, até que ele alcançasse a cama. Fiz um movimento sem palavras e ele se sentou. O cobri com meu cobertor azul e ajeitei o travesseiro sob sua cabeça. Tranquei a porta e me assentei do seu lado, na cama de solteiro que dividíamos sempre que ele ia me visitar.
Toquei seu rosto e o acariciei levemente com meus dedos, ele correspondeu sorrindo, mas alegria mesmo não era a palavra certa para definir o que eu estava disposto a fazer.
- Eu quero terminar o namoro – segurei as lágrimas.
- Mas por quê? Eu te amo Gabriel – tentou reverter a situação.
- Não... Você ama as garotinhas gostosas que você elogia, seja lá qual for o lugar que você as veja. Você ama bater nos moleques que se metem com você. Ama pescar e pousar na beira do rio. Jogar futebol, andar de cavalo, cheirar cocaína... Você ama provar pra todo mundo que você é macho e ama insultar um veadinho só para poder mostrar aos seus amigos estúpidos que você não é igual a eles. Você ama me comer as escondidas pois pensa que não vai deixar de ser homem por isso. Ama me deixar em segundo plano em tudo na sua vida e você só está comigo agora por falta de escolha, pois no brejo onde você mora a única companhia que você tem são as vacas e as suas irmãs! Você nunca me amou Roberto pois se tivesse amado não teria me deixado na mão hoje, não teria vindo aqui com a maldita idéia de comprar droga e me deixar usando tudo sozinho para eu me ferrar com meus pais depois e acabar te dizendo toda essa merda!
Com um movimento violento ele pegou o travesseiro e se virou para o outro lado da cama, cobriu a cabeça e não disse mais nenhuma palavra. Me deixou deitado, olhando para o teto, a pensar em toda crueldade que eu acabara de cometer.
Naquela noite eu não consegui dormir, no quarto semi escuro fiquei olhando para ele. Parecia que eu tinha acabado de destruir uma oportunidade imensa de ser feliz.
Pela manhã a sanidade havia voltado, mas a ferida da noite anterior ainda estava bem aberta. Tentei fingir que não me lembrava de nada, tentei culpar o efeito do solvente, mas nada adiantou. Roberto fingiu comigo. O sexo naquela manhã foi violento, de alguma forma ele tentava me machucar.  Não me beijava, não me acariciava, não fazia nada. Apenas movia a cintura e puxava meus cabelos como se eu fosse uma prostituta.
Eu sabia que não estava no meu direito dizer nada, pensei que talvez aquela transa fosse de alguma forma um meio de lavar os pratos sujos. Até me iludi por um momento, acreditando no perdão de Roberto. Mas eu havia mesmo magoado o meu Cowboy.
- Você disse coisas horríveis para mim ontem... Terminou o namoro comigo... Mas não tem problema, tudo o que eu queria era uma aventura mesmo. Você estava certo, eu amo te comer, só isso. Agora bota pra fora essa porra que está dentro de você e se lembre bem de que ela vai ser a última coisa minha que você vai ver!
Roberto e Robert foram embora e assim terminou, sem mais, sem menos, sem nada mais a dizer...
Pois a maior tortura para mim, foi me lembrar de tudo isso e escrever o fim desta postagem...

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